IATA: Rotas Domésticas Brasileiras Crescem 12,5%, Mas Altos Custos Operacionais Atrapalham

São Paulo - A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA - International Air Transport Association) realizou na última quarta-feira (14), um evento presencial sobre a retomada e as perspectivas da indústria nacional e global da aviação.

(Arquivo) 

Dany Oliveira, Diretor-Geral, IATA, Brasil, e Tiago Pereira, Diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), falaram sobre a retomada resiliente do mercado doméstico brasileiro em 2022, o grande potencial de crescimento que a aviação tem no país e a necessidade de redução dos custos para operar no Brasil. 

De acordo com Dany Oliveira, em outubro de 2022, o número de rotas domésticas no Brasil já era 12,5% maior em relação ao mesmo período de 2019. “Por sua dimensão territorial, população e tamanho da economia, o país tem tudo para crescer. A partir do momento em que tivermos um ambiente de baixo custo e maior alinhamento às melhores práticas mundiais do setor, criaremos as condições ideais para um crescimento robusto do mercado brasileiro nos próximos anos”, afirma. 

Tiago Pereira também reforçou o potencial do mercado doméstico brasileiro e a importância de adotar medidas que reduzam os custos para uma retomada total da aviação. 

“No Brasil, o transporte aéreo é popular, mas não universal. E reduzir o preço das passagens é fundamental para aumentar a demanda. Por isso, temos que avançar em questões como a judicialização e o custo do combustível, que hoje representa de 45% a 50% dos custos das empresas aéreas, o que impacta diretamente no preço da passagem. No pré-pandemia, foram as iniciativas de redução de custo que permitiram mais pessoas a voarem”, explica. 
 

Sustentabilidade é Prioridade do Setor 

Pedro de la Fuente, Gerente Sênior de Sustentabilidade, IATA, Américas, falou sobre os compromissos do setor com a neutralidade de emissões de carbono até 2050 e os desafios e oportunidades dos combustíveis de aviação sustentáveis (SAF, na sigla em inglês) no Brasil. 

“As companhias aéreas já estão se movimentando para a descarbonização. O cenário aponta que 65% desta redução virá do uso de SAF. Além disso, espera-se que a compensação/captação de carbono seja responsável por 19%, e que novas tecnologias de propulsão, como o hidrogênio, por outros 13%”, diz. 

Lígia Sato, Coordenadora de Relações Institucionais e Sustentabilidade, Latam Airlines Brasil, explicou que a companhia aérea tem trabalhado para ter uma aviação realmente sustentável e para sinalizar que a demanda por SAF no país é uma realidade. “Em maio de 2021, lançamos uma nova estratégia de sustentabilidade focada na geração de valor econômico, social e ambiental, bem como na conservação de ecossistemas. Nosso compromisso está estruturado em três pilares de gestão: mudança climática, economia circular e valor compartilhado”, afirma. 

Já o Diretor do Centro de Controle de Operações e Engenharia, GOL Linhas Aéreas, Eduardo Calderon, acredita que 2023 será um ano crucial devido à estrutura regulatória do uso de SAF. “O combustível no Brasil já é o mais caro do mundo, e o preço do SAF será ainda maior. Nos Estados Unidos, o modelo adotado incentiva a transição energética, então os passageiros não vão sentir tanto o aumento no preço da passagem. Mas acho que pelo fato de o Brasil ter uma tradição em combustíveis sustentáveis, isso pode representar uma vantagem competitiva”, conclui.