Covid-19 Afeta A Demanda De Passageiros Em Janeiro

A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) anunciou os resultados globais do tráfego aéreo de passageiros de janeiro de 2020, com a demanda (medida em passageiros-quilômetros pagos transportados, ou RPKs) apresentando aumento de 2,4% em relação a janeiro de 2019. Esse resultado foi menor que o crescimento ano a ano de 4,6% do mês anterior, além de ser o aumento mensal mais baixo desde abril de 2010, quando ocorreu o episódio da nuvem de cinzas vulcânicas na Europa que ocasionou o fechamento de aeroportos e cancelamentos de vôos.


A capacidade (medida em assentos disponíveis por quilômetro, ou ASKs) aumentou 1,7% em janeiro e a taxa de ocupação subiu 0,6 ponto percentual, atingindo 80,3%.

“Janeiro foi apenas a ponta do iceberg em termos de impactos que estamos vendo no tráfego aéreo devido ao surto do COVID-19, considerando que as restrições de viagens para a China começaram somente depois do dia 23 de janeiro. Mesmo assim, isso foi o suficiente para causar o menor crescimento de tráfego em quase uma década”, disse Alexandre de Juniac, diretor geral e CEO da IATA.


Mercado Internacional De Transporte Aéreo De Passageiros

A demanda internacional de passageiros em janeiro aumentou 2,5% em relação a janeiro de 2019, abaixo do crescimento de 3,7% no mês anterior. Com exceção da América Latina, todas as regiões registraram aumentos, liderados pelas companhias aéreas da África e do Oriente Médio, que tiveram baixo impacto em relação ao surto do COVID-19, em janeiro. A capacidade subiu 0,9% e a taxa de ocupação aumentou 1,2 ponto percentual, atingindo 81,1%.

As companhias aéreas da região Ásia-Pacífico registraram aumento de 2,5% no tráfego de janeiro em relação ao mesmo período do ano passado; esta foi a menor taxa de crescimento desde o início de 2013 e ficou abaixo do aumento de 3,9% registrado em dezembro. Várias das principais economias da região, além do baixo crescimento do PIB, sofreram o impacto do COVID-19 no mercado internacional da China. A capacidade aumentou 3,0%, e a taxa de ocupação caiu 0,4 ponto percentual, atingindo 81,6%.

As companhias aéreas da Europa apresentaram aumento de apenas 1,6% na demanda de janeiro em relação ao ano anterior; porém, abaixo da taxa de crescimento de 2,7% de dezembro. Os resultados tiveram impacto do baixo crescimento do PIB nas principais economias durante o quarto trimestre de 2019, além dos cancelamentos de vôos relacionados ao COVID-19 no final de janeiro. A capacidade caiu 1,0% e a taxa de ocupação aumentou 2,1 pontos percentuais, atingindo 82,7%.

As companhias aéreas do Oriente Médio apresentaram aumento de 5,4% no tráfego de passageiros em janeiro, o quarto mês consecutivo de sólido crescimento da demanda, resultado do forte desempenho das rotas maiores entre Europa e Oriente Médio, e entre Oriente Médio e Ásia, que não foram muito afetadas pelos cancelamentos de rotas relacionadas ao COVID-19 nesse período. A capacidade aumentou apenas 0,5% e a taxa de ocupação subiu 3,6 pontos percentuais, atingindo 78,3%.

As companhias aéreas da América do Norte reportaram aumento de 2,9% na demanda internacional em relação a janeiro de 2019, uma desaceleração em relação ao crescimento de 5,2% registrado em dezembro, mesmo sem cancelamentos significativos de vôos para a Ásia em janeiro. A capacidade aumentou 1,6% e a taxa de ocupação subiu 1,0 ponto percentual, atingindo 81,7%.

As companhias aéreas da América Latina tiveram queda de 3,7% na demanda em janeiro em relação ao mesmo período do ano passado, declínio ainda mais acentuado que o observado em dezembro, quando a queda foi de 1,3%. O tráfego das operadoras dessa região está particularmente fraco há quatro meses consecutivos, resultado da contínua agitação social e das dificuldades econômicas em vários países da região, situações não relacionadas ao COVID-19. A capacidade caiu 4,0% e a taxa de ocupação subiu 0,2 ponto percentual, atingindo 82,7%.

As companhias aéreas da África apresentaram aumento de 5,3% no tráfego de passageiros em janeiro, um pouco acima da taxa de crescimento de 5,1% registrada em dezembro. A capacidade aumentou 5,7%, mas a taxa de ocupação caiu 0,3 ponto percentual, atingindo 70,5%.


Mercados Domésticos De Transporte Aéreo De Passageiros

A demanda por viagens domésticas aumentou 2,3% em janeiro em relação a janeiro de 2019, pois o forte crescimento dos Estados Unidos ajudou a suavizar o impacto do declínio acentuado no tráfego doméstico da China. A capacidade aumentou 3,0% e a taxa de ocupação caiu 0,5 ponto percentual, atingindo 78,9%.

O tráfego doméstico das companhias aéreas da China caiu 6,8% em janeiro, resultado do impacto dos cancelamentos de vôos, e restrições de viagens relacionadas ao COVID-19. O Ministério dos Transportes da China registrou queda anual de 80% nos volumes no final de janeiro e início de fevereiro. A capacidade caiu 0,2% e a taxa de ocupação dos passageiros caiu 5,4 pontos percentuais, atingindo 76,7%.

As companhias aéreas dos Estados Unidos apresentaram aumento de 7,5% no tráfego doméstico em janeiro. Mesmo abaixo do crescimento de 10,1% em dezembro, este foi outro mês de forte crescimento da demanda, refletindo a confiança nos negócios e os resultados econômicos domésticos no período. A capacidade aumentou 4,9% e a taxa de ocupação aumentou 1,9 ponto percentual, atingindo 81,1%.


Resumindo

“O surto do COVID-19 representa uma crise global que está testando a resiliência não apenas do setor de aviação, mas também da economia global. As companhias aéreas estão sofrendo quedas de dois dígitos na demanda, e redução do tráfego em muitas rotas. Muitas aeronaves estão estacionadas e os funcionários são obrigados a tirar licença não remunerada. Nesta emergência, os governos precisam considerar a manutenção das conexões do transporte aéreo em sua resposta. A suspensão da regra de uso de slots de 80/20 e o alívio das taxas nos aeroportos onde a demanda desapareceu são duas decisões importantes, que podem ajudar a garantir que as companhias aéreas estejam preparadas para prestar apoio durante a crise e, posteriormente, na recuperação”, afirmou Alexandre de Juniac.